Preparativos e estratégias para a temporada da pesca são discutidos em reunião virtual

Promovido pelo Coletivo do Pirarucu, encontro reuniu 18 organizações entre associações comunitárias, organizações não governamentais e órgãos de governo

Por Talita Oliveira | OPAN

No último dia 12 de julho, o Coletivo do Pirarucu promoveu sua primeira reunião do ano, que aconteceu no formato virtual. Com o objetivo de discutir temas sobre os preparativos para a temporada da pesca em 2023 e questões relevantes para o manejo sustentável do pirarucu na região, o evento reuniu mais de 50 pessoas representando 18 organizações, entre associações comunitárias, organizações não governamentais e órgãos de governo.

Mesmo com limitações de acesso à internet, o encontro teve uma sólida participação de lideranças do manejo representando nove organizações de base comunitária, além da participação de duas novas organizações manejadoras, a Associação dos Moradores Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá (AMAB) e Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ). Outro destaque foi a presença da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com a participação da Coordenação Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento (CGEtno), que tem retomado o trabalho de fortalecimento das cadeias de valor da biodiversidade após os últimos anos de enfraquecimento institucional.

Previsões para a temporada da pesca em 2023

Na reunião, foi apresentado o levantamento dos números previstos para a pesca de 2023 referente às áreas de atuação do Coletivo. Até novembro, estima-se que serão pescados 34.589 pirarucus, envolvendo diretamente 3.058 pessoas em diversas comunidades manejadoras do Amazonas. 

Fernanda Moraes, atual presidente da AMAB e primeira mulher a assumir o posto na organização, ressalta a centralidade que o manejo exerce no médio Juruá. “O manejo é uma atividade fundamental para o nosso bem estar e um símbolo super importante para a economia das famílias da comunidade”, avalia. 

O levantamento feito pelo Coletivo trouxe também um mapeamento dos acordos comerciais para a venda do pirarucu manejado, bem como os preços praticados em cada região, que variam entre R$ 5,00 e R$ 10,00 por kg do pirarucu. Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes e assessor da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), organização que lidera o arranjo comercial coletivo Gosto da Amazônia, fala sobre o preço pago pela Asproc aos manejadores. “O trabalho feito pela associação acaba atuando como um regulador de preços de mercado, pois ao pagar  melhor as comunidades manejadoras pelo peixe manejado, inibe a ação dos atravessadores e exploradores, e fortalece o comércio justo e solidário”, avalia. 

O encontro contou ainda com orientações técnicas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre emissão das guias necessárias para a autorização da atividade de manejo do pirarucu, bem como o informe sobre o planejamento das atividades de fiscalização do órgão nas terras indígenas e demais unidades de conservação, com o objetivo de coibir atividades ilegais.

A importância dos encontros 

Ana Cláudia Torres, coordenadora do programa de manejo de pesca do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), finalizou a reunião ressaltando a relevância da manutenção do diálogo com todas as organizações que integram o Coletivo. “Esses encontros, mesmo que virtuais, são muito importantes para saber o que está acontecendo nas comunidades e encontrar, uns nos outros, energia para continuar se fortalecendo, inspirando e se motivando”, conclui.

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